terça-feira, 11 de agosto de 2009

ENSINO DIFERENCIADO

O ensino diferenciado é aquele que promove a evolução natural e progressiva das aprendizagens, procurando «o crescimento máximo do aluno e o seu sucesso individual» (Tomlinson e Allan, 2002:17), portanto, um desenvolvimento global do aluno ao nível académico, sócio-emocional e pessoal. Este é um método cujo ensino se centra mais no aluno de modo a responder às suas necessidades individuais. Não é um ensino individual, porquanto se procura fomentar a autonomia e não menospreza o trabalho de outros alunos, em simultâneo, no mesmo espaço.
Esta metodologia procura dar resposta à heterogeneidade das turmas, pois, aí, coexistem alunos com capacidades de aprendizagem avançadas e outros que revelam extremas dificuldades, assim como procura diminuir as assimetrias a nível de conhecimentos, trabalho autónomo... Pretende também estar mais perto do processo de aprendizagem dos alunos, procurando que não vão deixando módulos para trás e que a aprendizagem seja gradual. O contrário leva à acumulação de dificuldades e lacunas que interferirão com aprendizagens cumulativas e/ou gradualmente mais exigentes do ponto de vista da abstracção ou até da praxis.



Nota:
Algum discurso tem desvirtuado, por diferentes interpretações, a ideia de diferenciação. Diferenciar não é criar situações de “igualdade”, no sentido em que todos sejam iguais. Os alunos não são iguais e, necessariamente, precisam de um tratamento diferente. Há que reconhecer que «enquanto não lidarmos conscientemente com as diferenças de que os alunos são portadores, tal como com as suas semelhanças, temos tudo a perder.» (Tomlinson e Allan, 2002:8). Assim, em gestão pedagógica, «diferenciar é não dedicar a todos a mesma atenção, o mesmo tempo, a mesma energia.» (Perrenoud, 2001:44).
Diferenciar percursos, por uma pedagogia diferenciada também não consiste na individualização do ensino, mas é «organizar as interacções e as actividades, de modo que cada aluno seja confrontado constantemente, ou ao menos com bastante frequência, com as situações didácticas mais fecundas para ele.» (Perrenoud, 2001:27). Nisto, «os alunos participam activamente do projecto de ensino- -aprendizagem gerido de forma intencional e diferenciada pelos professores» (Tomlinson e Allan, 2002:9).
No fundo, é preciso encontrar um sistema organizado, planificado e reflectido que articule diferentes tipos de trabalho num mesmo momento: a uns alunos que lhes permita longos momentos de trabalho autónomo, a outros que o professor se detenha mais num grupo pequeno ou só num aluno, individualmente. A todos os alunos são apresentadas propostas de trabalho e actividades adequadas e desafiantes de forma a trabalharem consistentemente (Tomlinson e Allan, 2002:20).
O ensino cooperado, supracitado, é fulcral, pois permite acompanhar e gerir projectos de diferenciação pedagógica conduzidos por uns e outros. A troca de registos ou a criação de um portefólio relativo ao perfil dos alunos facilita a tarefa de diferenciação (Tomlinson e Allan, 2002:95).