terça-feira, 11 de agosto de 2009

PROJECTO PEDAGÓGICO DE ENSINO DO PORTUGUÊS

Após um século de profundas alterações filosóficas e epistemológicas relativas à concepção da Escola, cuja evolução se operou no sentido de alterar, reformular ou acabar com o modelo industrial do ensino-aprendizagem, o século XXI acarreta a responsabilidade de, aprendendo com os erros do passado e com a excelência das práticas, caminhar rumo a um processo de mudança mais justo e equilibrado. Mais do que nunca, a Escola Pós-Moderna tem de ser capaz de se auto-reinventar, pensar-se criticamente e projectar-se rumo a um Futuro que é ele mesmo incerto.
Se antes, no modelo autocrático e industrial, estilo “tamanho único”, a ideologia se centrava num modelo transmissivo e centralizado, agora, as tendências têm vindo a projectar-se num modelo construtivista e cooperativo, cujas bases assentam numa nova concepção de ensinar e aprender. Assim, Freire (2006:22), refere que «ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou construção». Aprender, por seu lado, não é um acto receptivo, é um acto pessoal, activo e que requer, pela natureza individual de cada um, individualização e diferenciação.
A escola de massas abriu caminho à inclusão, sendo «que pretende dar resposta às necessidades de todos os alunos, sejam quais forem as suas características, nas escolas regulares das suas comunidades e, sempre que possível, nas classes regulares dessas mesmas escolas» (Correia, 2001:128). Efectivamente, outros alunos, provenientes dos mais diversificados contextos culturais, com dificuldades de aprendizagem de toda a ordem, quer se trate de alunos, por exemplo, disléxicos, ou com comportamentos disruptivos, antes rejeitados por não aprendem como a grande maioria, são encarados como parte da escola. Apesar de considerarmos um avanço, há, porém, quem conteste este modelo. Mas como poderemos encarar a realidade de outra forma se à Ética docente preside a inclusão de todo e qualquer aluno e se as turmas com que nos deparamos primam pela heterogeneidade, muitas vezes numa abismal discrepância motivacional, cognitiva e cultural?
Acima de tudo há que ter consciência de que há problemas, muitas vezes graves, e que a mudança não se opera, porque as pessoas não compreendem que é possível mudar, aprender e ensinar de maneira diferente. Tudo é encarado com fatalismo ou como já adquirido. Nós sabemos e acreditamos que é possível mudar o rumo.

Entendemos um Projecto Pedagógico de Ensino de Português como aquele que se deve pautar por duas linhas de orientação primárias:
1.ª – os objectivos centrais da aprendizagem;
2.ª – os problemas identificados.

1.ª – Os objectivos centrais da aprendizagem

Assim sendo, advogamos um Projecto Pedagógico de Ensino de Português que vise, na sua essência:
1. o sucesso escolar dos alunos,
2. a valorização do máximo das capacidades dos alunos,
3. um ensino individualizado,
4. um acompanhamento das dificuldades dos alunos,
5. o respeito pelos diferentes ritmos de aprendizagem.
6. um harmonioso desenvolvimento sócio-afectivo,
7. a responsabilidade,
8. a autonomia,
9. a cooperação e o espírito de entreajuda,
10. a responsabilização das atitudes e dos comportamentos em contexto de aprendizagem formal,
11. a valorização dos progressos e dos processos de aprendizagem.

2.ª – Os problemas identificados

Durante o período referido no prefácio, foi possível identificar os seguintes problemas:
1. falta de atenção;
2. falta de persistência nas tarefas;
3. falta de hábitos de trabalho;
4. desorganização de materiais fundamentais para o trabalho, em sala de aula e em casa;
5. indisciplina (falta de regras estruturantes) e desadequação comportamental no contexto de sala de aula;
6. ausência de uma cultura (literária) básica;
7. ausência de reflexão;
8. falta de espírito crítico e opinativo;
9. falta de treino e hábitos de leitura;
10. falta de reconhecimento da operacionalização dos conhecimentos aprendidos em sala de aula, no quotidiano, e/ou nas situações de trabalho;
11. graves dificuldades na expressão de ideias;
12. passividade.

Atendendo aos objectivos do ensino-aprendizagem da língua materna, assim como aos problemas identificados, e tendo em conta a necessidade de (re)inventar a Escola e o sistema de Ensino Profissional e/ou Profissionalizante, propomos:
· metodologias didáctico-pedagógicas,
· ensino diferenciado,
· estratégias de prevenção,
· estratégias de intervenção,
· estratégias de remediação,
· estratégias de enriquecimento.


Figura 1 – Diagrama sobre a Intervenção Pedagógica no Ensino do Português